segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

AMBULÂNCIAS DE SOCORRO COM TRACÇÃO 4X4 PRECISAM-SE


Falta de ambulâncias todo-o-terreno põe em causa auxílio em dias de neve e gelo

Sem tracção, as ambulâncias são paradas pelo gelo e neve. Ontem, segunda-feira, em Montalegre, a do INEM ficou atravessada na via quando ia socorrer uma vítima de enfarte. Os bombeiros de Vidago transportaram doente em carro de incêndio.

No Alto Tâmega, só os Bombeiros de Montalegre possuem uma ambulância todo-o-terreno. À falta de veículos com tracção, os restantes concelhos desta sub-região transmontana improvisam com carros de combate a incêndios e com jipes do comando. Em Montalegre, o veículo foi adquirido pela Câmara e é uma espécie de anjo da guarda em dias de neve e gelo, como o de ontem. Foi graças a esta ambulância que foi possível prestar assistência a um doente da aldeia de Cepeda que, ontem, às 6 horas, foi vítima de um enfarte. A Ambulância de Suporte Imediato de Vida (SIV), do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), que ia prestar socorro, ficou atravessada na estrada, por causa do gelo e da neve que havia. Aliás, a mesma ambulância já às 4 horas tinha sentido dificuldade em prestar socorro a um doente de Vilar de Perdizes que teve uma paragem cardio-respiratória. Em muitas ruas não conseguia subir. Ao que o JN conseguiu apurar, no gelo e no paralelo, as correntes com que estão equipadas de pouco adiantam, para além de que partem com "facilidade". Foi o que aconteceu na nevada da semana passada, em que as correntes ficaram danificadas.

"Nestes dias de neve e gelo tem sido a ambulância todo-o-terreno que tem garantido a assistência a toda gente", confirmou, ao JN, o comandante dos bombeiros de Montalegre, David Teixeira. Confrontado com as dificuldades de movimentação do veículo em dias de neve e gelo, o gabinete de comunicação do INEM alegou que "não existem ambulâncias de Suporte Imediato de Vida com tracção às quatro rodas em sítio nenhum do país porque elas não existem. Admito que possam ser 'kitadas'", disse, ao JN, Raquel Leal, garantindo, por outro lado, que foram distribuídas correntes a todos os veículos e que esta solução "é mais eficaz". "As ambulâncias com tracção às quatro rodas têm outras desvantagens durante o resto do ano: são mais pesadas, mais lentas e consomem mais", argumentou, afiançando "que se contam pelos dedos das mãos as vezes que as ambulâncias ficam inoperacionais por causa do tempo".

Os bombeiros pensam de forma diferente e só não compram ambulâncias todo-o-terreno por falta de dinheiro. "Não acham que é uma vergonha um doente, ou um ferido, ter que ser transportado numa viatura de incêndio, sem quaisquer condições para o efeito, até ao sítio onde uma ambulância possa chegar, como aconteceu nos últimos dias em Vidago", questionavam, em jeito de desabafo, os bombeiros vidaguenses, na página da "net" da corporação.

Ao JN, o presidente, Francisco Oliveira, lembrou que o problema é comum em toda a região. "A nossa missão é prestar socorro e fazê-mo-lo com o que temos". Em Boticas, passa-se a mesma coisa. Sem ambulância com tracção às quatro rodas, a corporação usa o carro do comando (jipe). "Já ponderamos comprar uma, mas não temos verbas. Há vinte anos que não recebemos nenhuma ambulância. As últimas duas que comprámos, uma a direcção recorreu a um empréstimo e a outra foi oferecida pelos comerciantes do concelho", revelou o presidente dos bombeiros, Fernando Queiroga. Em Vila Pouca de Aguiar, o presidente dos Bombeiros, José Quinteiro, garante que a compra de uma ambulância com tracção está a ser "ponderada".

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